Com três candidatos liderando, SP enfrenta a eleição mais disputada em 12 anos
- Levi Gonzaga
- 6 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Neste domingo (6), eleitores vão às urnas para escolher o próximo prefeito de São Paulo, em uma das disputas mais acirradas dos últimos 12 anos. As pesquisas de intenção de voto indicam um cenário incerto, com três candidatos tecnicamente empatados na liderança.
Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) estão embolados na dianteira e disputam vaga no segundo turno. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (5) mostra empate técnico dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais, entre Boulos (29% dos votos válidos), Nunes (26%) e Marçal (26%). O resultado aponta que uma vitória em primeiro turno é improvável e que não é possível prever quem estará na próxima etapa da corrida municipal.
Cenário de indefinição é semelhante ao da eleição municipal de 2012. Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana do primeiro turno daquele ano mostrou triplo empate entre José Serra (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Fernando.
Segundo turno pode ter situações inéditas na eleição paulistana. Caso Nunes fique de fora, será a primeira vez que um prefeito candidato à reeleição não avança para o segundo turno. Se Boulos não chegar à próxima fase da disputa, São Paulo terá o primeiro segundo turno sem um nome da esquerda — em 2016, Haddad concorreu à reeleição, mas a disputa terminou em primeiro turno com a vitória de João Doria.
Estão aptos a votar, neste domingo, 9.322.444 eleitores na cidade. São Paulo tem o maior eleitorado entre as capitais do país, e a maioria dele é feminina: 54%. A outra parcela, 46%, é formada por eleitores do sexo masculino. Os dados atualizados são do TSE (Tribunal Superior Eleitor).
Efeito Marçal bagunça disputa
Entrada de Pablo Marçal (PRTB) mudou os rumos da eleição e obrigou candidatos a corrigirem rotas de campanhas. Até o início da corrida, previa-se uma disputa polarizada entre Nunes e Boulos, com a reedição do confronto Lula versus Bolsonaro em 2022. No fim, o conflito entre esquerda e direita deu lugar a uma competição travada por Nunes e Marçal pelo voto bolsonarista.
Marçal fez campanha baseada em tom agressivo e mentiras contra adversários. O candidato disse que Tabata foi culpada pela morte do pai por suicídio e acusou Boulos diversas vezes, sem provas, de usar cocaína. Em debates, retomou denúncias de assédio sexual contra Datena e o boletim de ocorrência em que a esposa de Nunes o acusou de violência doméstica. Pelas condutas, foi condenado pela Justiça Eleitoral a apagar diversas postagens das redes e a publicar direitos de resposta dos adversários.
"Marçal dividiu a direita e rachou o bolsonarismo. Parte do bolsonarismo está com Nunes e parte com Marçal. Existe o risco de a gente ter um segundo turno imprevisível. Eu não descarto, até porque o Boulos tem um eleitor mais consolidado, um segundo turno entre Boulos e Marçal, que poderia acentuar a divisão à direita, uma vez que o embate entre o Marçal e o Ricardo Nunes ultrapassou a linha da racionalidade, da diplomacia, de tudo o que a gente imagina de debate civilizado."
-Marcos Antônio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
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